quarta-feira, 30 de abril de 2008

Quem Morre?

Morre lentamente 
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca ;
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeções e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda


E é mesmo isso! Aqui, na nossa vida, estamos a estagiar na felicidade. Um estágio não remunerado em que todos os passos são contados e a qualquer momento podemos ser despedidos.
A rotina mata qualquer um. Não dói tudo de uma vez como um acidente de carro. Uma pessoa que se renda a rotina morre aos pouquinhos, sem dar conta disso. Um dia, encontra um tumor na sua vida, sem cura nem possibilidade de voltar atrás.
Cada segundo que passa deve ser aproveitado. Primeiro, devemos começar por olhar de frente o nosso dia. Quantas vezes chegamos a noite e achamos que passou muito depressa desde de manhã? Nem tivemos disponibilidade de levantar a cabeça e sentir que estávamos vivos e que o continuamos a estar neste momento! Nem demos conta das diferentes pessoas que passaram por nós, nem das que nos sorriram ou das que nos pediram ajuda.
Somos capazes de correr e ter tempo para assistir a um jogo de futebol ou uma novela na hora, mas demoramos mais de uma semana a responder a alguém que apenas precisava de uma palavra nossa.
Gostava de saber o porquê de nos queixarmos tanto da vida que temos quando existe tanta coisa boa nela que, por distracção, não damos conta...
Por vezes, não vemos uma pessoa porque é outra pessoa que queremos.
Gostava que as pessoas se rissem mais, gostava de ouvir mais gargalhadas. Bem alto!!
Vejam menos televisão e leiam mais. Ouçam música, dancem com os mais pequenos e brinquem com eles. Não se prendam em casa, escravos do egoísmo de querer estar sempre sozinho. Fixem uma flor e fiquem uns simples minutos a contemplar os seus movimentos, a sua cor, a sua forma.

Existe um tanto em nós que fazemos para não conhecer por tão pouco ou quase nada a que damos tudo e acabamos por morrer...

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ni !!

Bem por aqui hoje está-se em fase de rescaldo ...

Concordo contigo como sempre ^^
E que boas são as pequeninas coisas que referis-te !!

O importante é não morrer em vão , logo , temos que viver a vida para ela não ficar por viver XD

Beijinhos e obrigado pelas tuas palavritas ;)

OUTONO disse...

Olá Ni.

Deixa-me marcar estas palavras:

"Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior "

Está tudo dito!

Beijo e obrigado

Zé Carlos disse...

Ni querida
Adoro suas postagens sempre... e fico muito feliz com as suas visitas e suas palavras sempre tão doces.....
Um beijo grande do teu amigo, ZC