domingo, 5 de fevereiro de 2006

Um Rascunho Do Que Sentimos




Existe um olhar... Existe uma sensação... Não sabemos interpreta-la no momento. Mas se, por acaso, a seguir a esse olhar vierem outros mais, com mais ansiedade esperamos. E somos constantemente alimentados por aquela presença que nos ilude.
Após alguns momentos inconscientes de extrema felicidade, paramos. É como quando subimos bem alto e temos necessidade de olhar para baixo. Por consequência, imaginamos e quase sentimos o que aconteceria se caíssemos. Receamos a mágoa... Recordamos que já nos aconteceu algo semelhante, algo que não queremos que se repita. Perdemos as forças para continuar a subir.
Um peso na consciência diz-nos que temos de analisar a situação. Abrir a folha do nosso coração e da nossa cabeça em cima da mesa e decifrá-la, como se de um mapa se tratasse. Começamos por ver se existe realmente um objectivo, um "lugar" a alcançar com a pessoa. Se não o encontramos, a desistencia aparece como alternativa ao desafio. Mas se olharmos bem, se a vontade for verdadeira, conseguiremos chegar à conclusão de que não interessa o objectivo mas sim os caminhos que percorremos. Será que queremos chegar realmente a algum lugar? Uma relação não perderá o sentido se alcançar uma finalidade? Como
a própria palavra significa, chegaria também a um final. Já não haveria motivos para lutar, vontade de continuar...
O lugar onde queremos chegar tem de ser infinito, inalcansável...
E como Hansel & Gretel, será de nossa responsabilidade colocarmos um doce em cada momento que nos fizer sorrir para que, por cada vez que a estrada se torne agreste e inconstante, possamos voltar a saborear a doçura e ternura que conservamos em nós. Se o doce provado, novamente, conseguir eliminar quase por completo o sabor amargo, vale a pena continuar... Não convém pegar num papel e tentar desenhar por onde gostaríamos de passar. Certo é pegar na mão da pessoa e levá-la; construir um caminho sólido e de paisagem bonita para conseguir passar por lá. Porque quando tentamos explicar ou planificar algo que está no nosso coração, acabamos por lhe retirar a magia e o mistério que tanto o caracteriza. Viver, em vez de planear e não cumprir. Amar para ser feliz, e não ser feliz para conseguir Amar... Tem lógica podermos agir assim, mas não sabemos explicar o porquê de termos sempre de fazer um rascunho dos nossos sentimentos. A segurança está no que realizamos e não no que esboçamos... A segurança está onde menos a esperamos: num abraço que nos segura, num beijo que nos prende, num dar as mãos forte o suficiente para não largar mais. O resto é segredo. Não vale tentarmos desvendar o mistério que foi feito para ser assim. O fascínio está mesmo no facto do Amor ser indecifrável e sem rascunho possível que defina o caminho para a ele chegar...

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